Então ela virou de lado e deixou que a sua última lágrima escorresse por ele.
Nunca mais se permitiria sofrer de um jeito tão feliz assim, pela janela aberta olhou o céu estrelado e brilhoso lembrou de todas as noites que passaram juntos de todas as promessas e de todas as divisões(sejam elas de contas á sentimentos), lembrou das noites passadas á beira do mar, que ficava logo ali na esquina, sentindo seu calor e todo o seu corpo dentro dela como se fossem um só.
Como ele poderia fingir que nada daquilo aconteceu,como poderia esquecer de algo que aconteceu,de uma vida construída juntos?! Como se troca de amor em dois meses?
Ela levantou-se, o estomago e a cabeça dando voltas, olhou-se no espelho e o viu em seu lugar pois, hoje sabia que ela era ele o tempo todo, ela só era aquilo que ele queria que ela fosse. Ficou admirando-se e se pudesse beijaria sua própria boca, amaria seu próprio corpo mas não conseguia, o espelho não tinha o mesmo calor que o corpo dele.
Ligou a rádio e por uma ironia desgraçada, ou brincadeira de mal gosto a música dos dois estava tocando, aquilo feriu muito mais seu coração chorou desconsoladamente, teve vontade de ligar pra ele, de chorar de pedir pra voltar, vontade de sair correndo, jogar-se na areia da praia e esperar que ele chegasse silencioso como sempre, ela estaria com olhos fechados concentrada no barulho das ondas e no gosto salgado de suas lagrimas misturada a maresia, então ele deitaria ao seu lado, acariciaria seus cabelos e fariam amor ali mesmo sem se importar com alguém, apenas se concentrariam neles pois, o amor é puro e suas almas ali se fundiriam num misto de amor,dor e prazer.
De repente,ela lembrou que estava só,e que seu devaneio já tinha ido longe demais.
Mais uma vez olhou no espelho e disse á si mesma: - Á partir de hoje, suas lágrimas secaram! Hoje é seu próprio enterro, hoje morre a pessoa criada por ele e nasce alguém criada por você.
Deitou-se desligou o radio, fechou os olhos e sorriu, esperando ansiosa que a manhã logo chegasse para que pudesse nascer .
