Oi... Eu nem sei direito porque me permiti escrever
para você. Depois de ter te visto na segunda, fiquei remoendo nosso encontro...
E se te conheço bem, sei que também o fizeste, se fosse há algum tempo atrás
apostaria, que tu prometeste nunca mais sair de casa naquele horário, para não
correr o risco de me encontrar. Depois que entrei no ônibus, me desesperei.
Fiquei em choque com nossos sorrisos mecânicos, queria ter parado, te abraçado,
saber se estava tudo bem... Mas, não o fiz. Naquele dia acordei um pouco zonza,
coloquei qualquer roupa e parti. Talvez por isso não tenha parado, por estar
feia, por estar mal arrumada, por estar incomodada. Não queria que me visse
assim, sempre espero (demonstrar) estar melhor do que tu. Por mais que eu seja
a mais aberta, a que menos finge todo esse sentimento, ainda quero ser a mais
forte. Estou há uma semana remoendo tudo isso... Ligar? Exclui teu telefone.
Não podia me dar ao luxo de numa dessas crises te procurar. Este encontro mexeu
comigo, me pesou... Ao te ver, lembrei de um conto teu, “sabiam que iam casar,
passasse quanto tempo fosse...” algo assim. Lembrei de tudo, fui remoendo cada
cena, fiquei mal o dia inteiro, tive que desabafar com alguém que nem conheço,
saí lendo nossos blogs e cartas. Todos os pedaços desta história que não teve
começo e muito menos fim. Sei que estás bem. Que estás feliz, seguindo tua
vida. E fiquei bem por nenhum de nós dois ter feito o esforço de parar. Eu sei
que não consigo levar e viver este nosso sentimento mesmo, no fim não faz
sentido querer te ter novamente. É, deve ser isso. No fim do dia, só agradeci á essa correria
louca da rotina, que ainda é uma boa desculpa quando a gente quer.